Radiguet nasceu em Saint-Maur, próximo a Paris, filho de um caricaturista. Em 1917 mudou-se para a cidade. Logo cedo, aos 15 anos de idade, abandonou completamente os estudos e Lycée Charlemagne para se dedicar ao jornalismo e literatura. Associou-se com o grupo modernista da época, criando amizade com Picasso, Max Jacob, Juan Gris e especialmente com Jean Cocteau, que tornou-se seu mentor e, de acordo com os boatos dessa época em Paris, era provavelmente seu amante. Radiguet também teve diversos relacionamentos bem documentados com mulheres. Uma anedota contada por Ernest Hemingway, que enfureceu Cocteau, sobre Radiguet (que era conhecido no círculo da literatura parisiense como "Monsieur Bébé") e sobre a decadência dos lugares de encontros: "Bébé est vicieuse. Il aime les femmes." ("Bebê é depravada. Ele gosta de mulheres." [Note o uso do adjetivo feminino]). Radiguet, deduzia Hemingway, empregava sua sexualidade para melhorar sua carreira, sendo um escritor "que sabe como fazer sua carreira não apenas com uma caneta mas também com um seu lápis", uma fálica alusão obscena.1 2
No começo de 1923, Radiguet publicou o seu primeiro e mais famoso romance: Le Diable au corps (O Diabo no Corpo). A história de uma jovem mulher casada que tinha um romance com um rapaz de dezasseis anos de idade enquanto o seu marido lutava na frente da guerra, o que provocou um escândalo no país que acabara de sair da Primeira Guerra Mundial. Embora Radiguet tenha negado, foi confirmado que a história era em grande parte autobiográfica. A crítica, que inicialmente menosprezara a intensa campanha publicitária para o lançamento do livro (na época, algo normalmente associado a trabalhos de reduzido mérito literários), finalmente ganharam simpatia pela qualidade da escrita sóbria e do estilo objetivo de Radiguet.
O seu segundo romance, Le bal du Comte d'Orgel (O Baile do Conde de Orgel), que também tratava de adultério, foi publicado apenas postumamente, em 1924. Aos 20 anos de idade, Radiguet morreu prematuramente de febre tifóide, que contraiu após uma viagem que fez com Cocteau. Em reação a sua morte, Francis Poulenc escreveu: "Por dois dias, fiquei incapaz de fazer qualquer coisa, pois estava tão atordoado" (Ivry 1996). Para lá desses dois romances, os trabalhos de Radiguet incluem alguns, poucos, volumes de poesia e uma peça teatral.
Em 1947, Claude Autant-Lara lançou seu filme, Le diable au corps, basedo no romance de Radiguet, e estrelando Gérard Philipe. Por vir justamente após a Segunda Guerra Mundial, o filme causou controvérsia. Entre outras versões cinemáticas das histórias de Radiguet, destaca-se uma adaptada por Marco Bellocchio, Il diavolo in corpo (1986), que se tornou notável como um dos primeiros filmes a mostrar relações sexuais não simuladas.
Obras
- Les Joues en feu, poesas (1920)
- Le Diable au corps (1923)
- Le Bal du comte d'Orgel (1924)
Fonte: Wikipedia
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