2015-09-15

Gengoroh Tagame: “Fiz a ponte entre a arte erótica gay do Japão e a arte erótica gay ocidental” (em Uma Década Queer)



Gengoroh Tagame
“Fiz a ponte entre a arte erótica gay do Japão e a arte erótica gay ocidental”

Gengoroh Tagame é ainda um nome pouco familiar entre leitores habituais de manga (banda desenhada japonesa). No Japão, pelo contrário, é uma lenda viva, sendo certo que o país tem uma oferta e consumo de BD muito acima da média de qualquer país ocidental.

Com 50 anos de idade e vinte de carreira, acaba de publicar o quarto livro em inglês, “Fishermen's Lodge”, através da editora alemã Bruno Gmünder. O álbum inclui duas outras histórias breves, “Confession” e “End Line”.

“Como sempre faço, tentei mostrar a beleza e o erotismo dos corpos masculinos”

Extrato da entrevista de Gengoroh Tagame a Bruno Horta, publicada pela INDEX ebooks na coletânea de entrevistas Uma Década Queer: 50 entrevistas em português (2004-2014).

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5 comentários:

  1. Lembro-me de ele ser o artista responsável em Dating Sims e Dating Visual Novels, lembrei de jogar alguns mas já não me lembro do nome, a maioria do manga gay consumido no ocidente é escrito por mulheres e tem uma estética completamente diferente do Tagame que faz uma coisa mais "Bara" do que propriamente yaoi. Dentro da sua estética temos o autor Fabrissou de quem gosto muito.

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    1. É curioso o que dizes sobre a manga gay consumida no ocidente porque o Tagame refere o mesmo na entrevista ao Bruno Horta: “metade dos visitantes de uma exposição que fiz em 2010, numa galeria de Tóquio, eram mulheres” mas nos países ocidentais quase todas as pessoas que comparecem às sessões de autógrafos e exposições são gays.

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    2. Tens dois grandes tipos de manga gay masculina, shounen/seinen-ai/yaoi que é escrito e desenhado por mulheres com um design específico de traços leves, rostos andrógenos e em que a relação poderia ser entre um homem e uma mulher uma vez que o homem sexualmente passivo poderia ser substituído por uma mulher e não se notaria grande diferença porque é a interpretação que mulheres fazem de uma relação entre dois homens que é bastante fantasiada e raramente corresponde à realidade. Cheias de carga dramática psicológica em que muitas vezes os protagonistas não são gays são duas pessoas que se apaixonam para além do género o que causa (ainda) mais carga dramática. O yaoi também é muito difundido em fanzines que são vendidas em grandes feiras como a Comiket em que grupos de fãs vendem pequenas histórias de teor sexual com personagens de séries populares como Dragon Ball, Saint Seiya, Samurai X etc etc. A diferença entre seinen ai e shounen ai tem mais a ver com a idade dos personagens adultos ou adolescentes mas o público não varia.

      Bara (o estilo do Tagame) tem uma componente gráfica mais carregada, seria o equivalente japonês de Tom of Finland em que o corpo masculino está auge da sua masculinidade, corpos grandes, peludos, com barba, sobrancelhas mais grossas e linhas mais notórias e tem como público alvo (na grande maioria homens homossexuais ou bissexuais). A segmentação de banda desenhada por público alvo é mais vincada no Japão, na Europa e nos EUA basicamente as pessoas lêem o que querem por uma questão de preferência mas numa livraria japonesa se pedirmos um livro cujo público alvo é feminino podemos eventualmente ser alvo de olhares de confusão.

      É também muito comum em manga (e anime) cujo público alvo é feminino existirem personagens homossexuais e não é visto de uma forma negativa (aliás, legiões de fãs) em séries como Sailor Moon e Card Captor Sakura (talvez as obras shoujo mais populares que passaram em Portugal) a homossexualidade existe e é tratada com naturalidade, Sakura com onze anos de idade encoraja o melhor amigo do irmão a dar voz aos sentimentos e diz-lhe que são recíprocos. Agora que estou a rever isto estou a dar-te uma seca enorme, sorry.

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    3. LOL, antes pelo contrário! É muito interessante e esclarecedora a tua descrição. A impressão que tenho é que a bd japonesa tem grandes fãs em Portugal, mas são poucos. Para a generalidade das pessoas, o grafismo e os textos aparentam ser todos muito parecidos, o que não é realmente verdade.

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    4. Não são assim tão poucos, os eventos contam com milhares (que em Portugal não são poucos) e se juntarmos as pessoas que diziam que a Candy Candy, a Ana dos Cabelos Ruivos, a Heidi, o Marco e as Maravilhosas Cidades de Ouro é que eram bons desenhos animados (todos eles japoneses) ainda aumentas o rácio.

      Comecei a ler manga em 1996 e na altura lia comics americanos em barda também mas como o orçamento não dava para tudo decidi ficar com a amante nipónica com a qual me identificava mais. No início a comunidade era verdadeiramente pequena, as video-cassetes vinham dos EUA e tinham quer ser convertidas de NTSC para PAL e eram partilhadas a troco de nada dentro da comunidade (lixei dois vídeos a gravar Record of Lodoss Wars" de manhã à noite) e existia o estigma dos rapazes que gostavam de shoujo manga sendo eu um deles mas o preconceito vence-se e a coisa morreu chegando a ser cool ser heterossexual e gostar de yaoi, uma das obras mais emblemáticas é Zetsuai e chegou também via EUA onde havia bastante mais material.

      Hoje é diferente, tudo se encontra online e as séries e livros são devorados tipo distúrbio alimentar e quando há 20 anos atrás tudo o que se conseguisse arranjar era um tesouro, agora nem por isso porque está à distância de 1 clic, é o preço a pagar na geração que quando chega à adolescência tem uma série de coisas ao seu alcance sem grande esforço e sem dar grande valor. Da minha parte ficaram grandes amizades que duram até hoje, amigos em Paris, NY, Singapura, Macau, Londres e São Paulo que conheci ao vivo e a cores e que ainda hoje mantenho contacto, outros tempos, outras vontades. :)

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